TRIBUNAL CONSTITUCIONAL Acórdãos 107.º Volume \ 2020
689 acórdão n.º 155/20 Republicano» e documentos relacionados com essa candidatura; 10) Carta datada de 14 de dezembro de 2019 com o assunto: «Convocatória para a reunião extraordinária do Conselho Nacional do PDR a rea- lizar no próximo dia 4 de janeiro de 2020 pelas 14.30 no Hotel D. Inês, sito na Rua Abel Dias Urbano Dias n.º 12, 3000-001 Coimbra»; 11) Termo de posse do Presidente do Partido Democrático Republicano, datado de 18 de janeiro de 2020. Cumpre apreciar e decidir. II – Fundamentação 3. Os impugnantes pretendem impugnar atos do partido («deliberações por acção e por omissão toma- das por órgãos do PDR – Partido Democrático Republicano»). Foi através da IV revisão constitucional (Lei Constitucional n.º 1/97, de 20 de setembro) que o legis- lador constituinte atribuiu competência ao Tribunal Constitucional no domínio do contencioso relativo a partidos políticos, mais especificamente no que diz respeito ao julgamento das «ações de impugnação de eleições e deliberações de órgãos de partidos políticos que, nos termos da lei, sejam recorríveis» [artigo 223.º, n.º 2, alínea h) , da Constituição]. Neste contexto, foi também dada uma nova redação ao n.º 5 do artigo 51.º da Constituição, que passou a dispor que «os partidos políticos devem reger-se pelos princípios da transpa- rência, da organização e da gestão democráticas e da participação de todos os seus membros». Remetendo o artigo 223.º, n.º 2, alínea h) , da Constituição, para a lei a determinação de quais as deliberações de órgãos de partidos políticos que podem ser impugnadas perante o Tribunal Constitucional e em que termos, foram introduzidas alterações na LTC pela Lei n.º 13-A/98, de 26 de fevereiro. Após esta alteração, a LTC, no seu artigo 9.º, alínea d) , prevê dois meios de impugnação no contexto do contencioso partidário: as ações de impugnação de eleição de titulares de órgãos de partidos políticos (artigo 103.º-C da LTC) e as ações de impugnação de deliberação tomada por órgãos de partidos políticos (artigo 103.º-D da LTC). A estes meios de impugnação, consagrados na Constituição e regulados na LTC, aditou o legislador a possibilidade de requerer, como meio preliminar ou incidental, a medida cautelar de suspensão da eficácia dos atos partidários impugnados, no artigo 103.º-E da LTC. Estes são os únicos meios existentes, pois a Constituição e a LTC consagraram um princípio de tipicidade das ações de impugnação relativas ao funcio- namento interno dos partidos políticos (cfr. Acórdão n.º 219/18, 3.ª Secção, ponto 9). As ações de impugnação de deliberação tomada por órgãos partidários abrangem, no entanto, duas realida- des distintas, disciplinadas de forma diferenciada nos n. os 1 e 2 do artigo 103.º-D da LTC. No primeiro caso, a impugnação incide sobre «decisões punitivas dos respetivos órgãos partidários, tomadas em processo disciplinar em que seja arguido, e bem assim as deliberações dos mesmos órgãos que afetem direta e pessoalmente os seus direitos de participação nas atividades do partido» – pretende-se, portanto, tutelar os direitos individuais e a posição dos militantes partidários concretos. Já em relação à ação prevista no artigo 103.º-D, n.º 2, da LTC é atribuída legitimidade processual ativa a todos os militantes do partido para impugnar as deliberações dos res- petivos órgãos partidários. No entanto, neste caso, é preciso que o fundamento invocado seja a «grave violação de regras essenciais relativas à competência ou ao funcionamento democrático do partido». O legislador procurou assegurar que o Tribunal Constitucional apenas intervenha na vida interna dos partidos quando tal seja indispensável, nomeadamente para assegurar o respeito pelo artigo 51.º, n.º 5, da Constituição. De facto, a remissão para uma «grave violação» das «regras essenciais relativas à competência ou ao funcionamento democrático do partido» deve ser entendida como uma referência aos «princípios da transparência, da organização e da gestão democráticas e da participação de todos os seus membros», inscri- tos no preceito constitucional. O modelo de controlo assim delineado pauta-se pela contenção. Pretende-se evitar que o Tribunal Cons- titucional seja chamado, a cada instante, por qualquer militante, a dirimir conflitos internos partidários,
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